quarta-feira, 11 de maio de 2011

"Posso ficar com ele?" Acredite, a vida do seu pequeno pode ser bem melhor com um bichinho.


Da próxima vez que seu filho pedir para você um bichinho de estimação, considere bem o que seu pequeno está falando.

Aprender a conviver com sentimentos faz parte da vida do ser humano, e as crianças desde cedo podem ser estimuladas a olhar o outro de uma forma diferente. Muitos não percebem, mas está dentro de casa a solução para alguns conflitos dos pequenos: o animal de estimação.

É com o cão, o gato, o passarinho, o hamster ou aquele mascote inusitado que as crianças podem compreender o ciclo da vida: a gestação, o nascimento, os primeiros passos, a doença e também a morte. Com um tempo de sobrevivência menor do que o do ser humano, os animais são fonte de aprendizado para as crianças e despertam nelas a responsabilidade, a sensibilidade e o respeito. Pediatra, Sérgio Crestana observa que, dessa relação, podem brotar sentimentos como a frustração, a alegria e também a autonomia.

“Ao lidar com os animais, a criança projeta os cuidados que os pais têm com ela. É o que elas fazem com as bonecas e com os brinquedos, só que o animal vai reagir, e esse contato traz novas experiências”, explica o médico.

Essa relação vai permitir uma compreensão melhor do mundo. Veterinária e doutora em Psicologia, Ceres Berger Faraco observa que, com os animais, a criança consegue exercer um papel diferente. Ela se torna cuidadora, responsável. Vai expressar talentos que muitas vezes na família não é possível porque, nesse caso, é ela quem precisa de cuidado.

“Para a autoestima delas isso é muito importante, elas se sentem importantes. Se tu pedes para uma criança pequena trazer um potinho de água para o animal, ela vai fazer isso com uma seriedade, como se fosse uma joia rara”, exemplifica a veterinária.

Convivência com animais motiva a autoconfiança
A intimidade e o elo que se forma entre uma criança e o animal de estimação, às vezes, faz milagres. Pode reduzir a ansiedade, trabalhar a autoconfiança e o senso de responsabilidade. A veterinária Ceres destaca que os animais em casa ajudam os pequenos a desenvolver habilidades sociais. Implicam no reconhecimento do sentimento do outro. Os animais têm uma resposta clara para isso.

“Se eu sou hostil ou ameaçador, ele foge. Se eu sou delicado e carinhoso, ele se aproxima. O animal não disfarça, o que faz com que a criança tenha uma noção mais clara das consequências de seus atos. Desenvolve a empatia de entender o que o outro sente. Violência, agressão e egoísmo nascem dessa incapacidade de reconhecer que o que eu faço é ruim para a outra pessoa”, diz a veterinária.

De acordo com estudos, crianças que estão passando por momentos difíceis na família, como o divórcio dos pais, enfrentam o problema de uma forma menos traumatizante quando têm um mascote em casa. Em contato com a vida animal, ela desenvolve a sociabilidade e o lado emocional.

“Isso mexe com o imaginário dela porque começa a entrar em contato com a diversidade, com as diferenças. Ela vai aprender com quem pode se relacionar. Com o cachorro, sim, com a galinha, não. Ela vai entrando dentro desse ciclo mágico da vida”, observa o pediatra Sérgio Crestana.

O pediatra explica que há mitos sobre a relação das crianças com os animais que devem ser derrubados. O exemplo clássico é o da criança asmática, que não estaria apta para brincar com gatos.

“Isso é uma bobagem. Estudos mostram que crianças quando entram em contato com pelos desenvolvem resistências que vão inclusive protegê-las de alergias no futuro. Algumas acabam desenvolvendo alergias porque não tiveram esse contato precoce – polemiza o médico”.
O alerta do especialista, no entanto, é claro: é necessário dosar responsabilidades. Uma criança não está pronta para assumir uma obrigação de cuidar de um animal, ela precisa de ajuda. A relação deve ser de prazer, não de compromisso.

Fonte: Jornal de Santa Catarina

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